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Projeto Arbocontrol inspira novos estudos sobre prevenção de arboviroses 

Com base na estratificação de risco e construção de cenários operacionais é possível planejar e implementar ações de vigilância para melhor controle do Aedes aegypti

Texto: Fernanda Angelo
Imagem: Genilton Vieira/Fiocruz

As arboviroses como a dengue, zika e chikungunya causam expressiva morbimortalidade e estão entre os graves problemas de saúde pública no país.  Projetos como o Arbocontrol são essenciais para auxiliar no controle do Aedes aegypti, mosquito vetor dessas doenças. Além de desenvolver o seu papel de auxílio no aprimoramento da vigilância entomológica e epidemiológica no Brasil, o Projeto Arbocontrol, por meio do componente 2 (Novas tecnologias em Saúde), também tem influenciado no desenvolvimento de pesquisas.  

Marina Pissurno, estudante de Saúde Coletiva da FS/UnB, foi estagiária no Projeto Arbocontrol e desenvolve pesquisa sobre a estratificação do território de Sete Lagoas (MG), em áreas de risco para transmissão da dengue.

Prova disso é o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da estudante de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FS/UnB), Marina Pissurno. A graduanda, que trabalhou como estagiária no Projeto Arbocontrol por dois anos e meio, atualmente, desenvolve pesquisa sobre a estratificação do território de Sete Lagoas, município de Minas Gerais, em áreas de risco para transmissão da dengue. “A estratificação identifica as áreas com maior risco ento-epidemiológico, nas quais é necessário concentrar as intervenções”, explica a estudante. 

A metodologia utilizada na pesquisa consiste em aplicar dados históricos da dengue no município ao método analítico de Getis-Ord (Gi*) – ferramenta estatística apresentada por Getis e Ord como um indicador de associação espacial local. Segundo a estudante, a finalidade é identificar os bairros que foram estatisticamente significativos na transmissão da dengue durante o período do estudo, de 2010 a 2018.  “Indicadores epidemiológicos, vetoriais, demográficos, ambientais e as informações sobre a vigilância e controle do vetor realizadas no município também foram utilizadas para compreender o cenário operacional de Sete Lagoas, com base nos riscos de transmissão”, afirma Marina. 

Inspiração

A ideia de desenvolver a pesquisa surgiu quando Marina realizava a avaliação do sistema de vigilância entomológica do Aedes aegypti do Ministério da Saúde (MS) pelo Projeto Arbocontrol. “Tive a oportunidade de construir um conhecimento base sobre o vetor e tudo relacionado a ele. O meu envolvimento diário com o tema fez com que eu encontrasse novas discussões sobre a prevenção e o controle do Aedes, incluindo estudos de estratificação do risco em nível municipal ou local”, ressalta. 

O tema escolhido pela estudante, com orientação do epidemiologista e coordenador do Componente 2 do Projeto Arbocontrol, Jonas Brant, e da também epidemiologista e pesquisadora do Projeto, Marcela Lopes, já é abordado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A agência de saúde publicou um documento que serve de referência para o planejamento e implementação de ações de vigilância, prevenção e controle do Aedes aegypti, com base na estratificação do risco e construção de cenários operacionais. “Decidi fazer meu TCC sobre estratificação do risco por ser um tema novo e por poucos estudos terem sido realizados no Brasil”, conta a estudante. 

Marina, que terá seu TCC avaliado no dia 9 de março deste ano, acredita que sua experiência na meta 7 do Projeto Arbocontrol ajudou a aprofundar seus conhecimentos sobre a vigilância epidemiológica e também a conhecer a área de entomologia. “Aprendi também a realizar a avaliação de um sistema de vigilância e pude pôr esse conhecimento em prática. A Sala de Situação de Saúde da UnB e o Projeto Arbocontrol tiveram um peso importante na minha formação como sanitarista. Espero conseguir passar de forma clara que os estudos de estratificação do risco podem ser um novo caminho para o controle do vetor no Brasil”, conclui. 

Projeto Arbocontrol 

Proposta de investigação do controle do vetor Aedes aegypti e das arboviroses dengue, zika e chikungunya. Está inserido no âmbito da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FS/UnB) e do Núcleo de Estudos de Saúde Pública do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Nesp/Ceam/UnB). O projeto está dividido em quatro componentes: Pesquisa para o controle do vetor (1), Novas tecnologias em Saúde (2), Educação, Informação e Comunicação para o controle do vetor (3) e Formação e capacitação profissional (4). Conta com a participação de laboratórios, pesquisadores e professores dos departamentos de Saúde Coletiva e da Farmácia, e ainda de pesquisadores colaboradores e discentes dos diversos cursos de graduação e pós-graduação da FS/UnB e outras instituições parceiras.

Saiba mais sobre o Componente 2 aqui

 

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