De 160 mil crianças do público-alvo, DF só aplicou ¼ das doses contra a Poliomielite

Por: Comunicação SDS

Cobertura vacinal corresponde a 26% do esperado, segundo o Ministério da Saúde. Crianças de até 4 anos devem ser imunizadas contra a doença, também conhecida como pólio ou como paralisia infantil.

Informações do Ministério da Saúde (MS) demonstram que a cobertura vacinal contra a poliomielite ainda é insuficiente no DF, apesar da campanha em âmbito nacional. Segundo o painel de vacinação do MS, foram aplicadas cerca de 41 mil doses até o momento, o que equivale a 26% do esperado. Em todos os grupos de população-alvo, crianças de até 5 anos, os números são inferiores à expectativa. Veja abaixo: 

Fonte: Painel de Vacinação contra Poliomielite do Ministério da Saúde, 2022

Dentre todos os estados, o DF é o 6º em menor cobertura vacinal, ficando à frente apenas de Roraima, Acre, Amapá, Rondônia e Tocantins. Em Roraima, foram aplicadas apenas 8 mil doses de vacina nos bebês e crianças, o que corresponde a 17% do público-alvo, de acordo com o painel de vacinação do MS. No Brasil, todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. O esquema vacinal contra a poliomielite é de três doses da vacina injetável (aos 2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina de gotinha. A campanha de 2022 espera vacinar mais de 11 milhões de crianças até o fim do mês de setembro. 

Isabela Ribeiro, 26 anos, não faz parte do grande número de mães e pais que não vacinaram seus filhos(as). A pedagoga não perdeu tempo e já levou seu filho Bernardo, de 2 anos e 9 meses, para se imunizar contra a poliomielite. A mãe também cita que a caderneta de vacinação da criança está completa, incluindo portanto todas as vacinas necessárias para o bom desenvolvimento de seu filho. 


Bernardo, 2 anos e 9 meses, com sua caderneta de vacinação em dia. 

Baixa Cobertura Vacinal em todo o país

A baixa cobertura vacinal em decréscimo constante no Brasil, desde 2016, e o enfraquecimento das ações de vigilância epidemiológica preocupa os profissionais da área, pois aumenta o risco de reintrodução da poliomielite. A meta de imunização no último ano era de 95%, mas a taxa de crianças com esquema vacinal completo, ou seja, três doses no primeiro ano de vida foi de apenas 67,71%. Além da imunização, a Iniciativa de Erradicação Mundial da Poliomielite (1988) estabelece como ação estratégica um sistema de vigilância sensível para a identificação de casos precoces autóctones ou importados. 

A Poliomielite

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), mais de 16 milhões de pessoas que hoje são capazes de andar teriam ficado paralisadas. Estima-se que 1,5 milhão de mortes na infância tenham sido evitadas, por meio da administração sistemática de vitamina A durante as atividades de imunização contra pólio. Segundo a organização, o Brasil está na lista de países em que existe risco de volta da poliomielite. 

A Poliomielite é uma infecção viral aguda causada por um dos três poliovírus existentes. É uma doença contagiosa, que ataca o sistema neurológico afetando o corpo inteiro podendo causar paralisia dos movimentos musculares.

Vigilância em Saúde 

Cenários como o da Poliomielite demonstram a importância da vigilância em saúde no país. Detectar situações de risco, prevenir a ocorrência do evento e, em situações desfavoráveis, orientar e prover resposta adequada, rápida e proporcional são atividades que enfrentam um certo entrave em um cenário com ameaças à saúde. 

De acordo com a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA), houve uma recente descoberta de Poliovírus no esgoto das regiões Leste e Norte de Londres, na Inglaterra, o que alerta para as vigilâncias epidemiológicas do mundo inteiro. Apesar de não haver casos confirmados associados à paralisia, a possibilidade de transmissão comunitária é uma preocupação.

A vigilância faz parte das práticas de atenção e promoção da saúde dos cidadãos e dos mecanismos adotados para prevenção de  doenças. De maneira geral, é um conjunto de procedimentos atrelados a diversas áreas, tais como política e planejamento, territorialização, epidemiologia, processo saúde-doença, condições de vida e situação de saúde das populações, ambiente e saúde e processo de trabalho. Para tanto, é dividida em epidemiológica, ambiental, sanitária e saúde do trabalhador.

Fácil de explicar, mas difícil de implementar. Profissionais de vigilância em saúde enfrentam diariamente uma gama de empecilhos que vão desde a dificuldade de padronizar procedimentos Brasil adentro até mudanças estabelecidas em epidemias em andamento. Fato que aconteceu com a vigilância epidemiológica de Monkeypox, depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou de diferenciar países endêmicos e não endêmicos, para uma resposta unificada ao evento.

A exigência constante é por profissionais de saúde munidos de informações sistematizadas e atualizadas sobre as ações de investigação epidemiológica e medidas de prevenção e controle das doenças transmissíveis. O objetivo é nobre, busca melhorar a condição de saúde da população pela eliminação e atenuação dos riscos associados à disseminação persistente com grande impacto sobre a morbimortalidade que as doenças apresentam. Por outro lado, as condições são precárias e a estabilidade não é assegurada.

Tomada de decisões dentro da Vigilância 

Hospitais, por exemplo, possuem grandes quantidades de dados que nem sempre são transformados em informação para subsidiar a tomada de decisão da direção hospitalar e de gestores municipais, estaduais ou federais. Projetos integrados são difíceis de implementar por conta da adoção de intervenções que extrapolam a competência das secretarias de saúde ou exigem mais recursos, inclusive por parte de instituições de outros níveis de governo. A sobrecarga das atividades desempenhadas caminham para o limite do esgotamento físico e mental e o número de equipes insuficiente para as demandas assistenciais em atividades de vigilância.

Detectar situações de risco, prevenir a ocorrência do evento e, em situações desfavoráveis, orientar e prover resposta adequada, rápida e proporcional são atividades que enfrentam um certo entrave em um cenário com ameaças à saúde distribuídas globalmente exigindo alternativas inovadoras para sistemas tradicionais de vigilância.

Promoção, prevenção e controle da Saúde

Sob outra perspectiva, os núcleos de epidemiologia representam um grande avanço institucional para a qualidade e organização dos serviços, considerando a capacidade potencial de vigilância.  Refletindo diretamente na execução de procedimentos assistenciais e ações de promoção, prevenção e controle.

Foram estudos e comparações das equipes de vigilância epidemiológica, por exemplo, que permitiram que as autoridades sanitárias traçassem estratégias para tentar reduzir o contágio massivo pela Covid 19 nos últimos anos. Uma de suas principais atribuições é  a de fornecer orientação técnica permanente para os profissionais de saúde.

A reavaliação de planos periodicamente faz parte do processo da vigilância, que por sua vez é dinâmico e a todo o momento podem surgir novos eventos de interesse de saúde pública e por isso devem ser aprimorados os processos de trabalho.

O Guia de Vigilância Epidemiológica é um importante instrumento de divulgação das normas e procedimentos de vigilância e controle de doenças transmissíveis de interesse para o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. A elaboração do Guia é atribuição do Ministério da Saúde e se mostra essencial para assegurar a padronização de procedimentos em todo o país e permitir a adoção das medidas capazes de prevenir e controlar as doenças transmissíveis.

Referências

https://pensesus.fiocruz.br/vigilancia-em-saude

http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_424619245.pdf

https://www.paho.org/pt/topicos/poliomielite
https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisadores-da-fiocruz-alertam-para-risco-de-retorno-da-poliomielite-no-brasil

http://portalsinan.saude.gov.br/paralisia-flacida-aguda-poliomielite 

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