17 de maio: Dia Mundial da Hipertensão

Perfil epidemiológico da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) do DF reforça a importância de ações integradas entre vigilância e atenção primária

Por: Malu Sousa com colaboração de Milena Marra | Comunicação SDS

Nesta terça-feira (17), celebra-se o Dia Mundial da Hipertensão Arterial (HAS). A data foi criada para alertar sobre os cuidados com a doença – que ainda possui uma baixa conscientização -, entre eles o uso de métodos precisos de aferição da pressão arterial e a importância do controle da hipertensão.

A Hipertensão Arterial Sistêmica é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial. Geralmente, são alterações funcionais e/ou estruturais em órgãos como coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos, e alterações metabólicas, com aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. A HAS ainda é fator de risco para uma série de outras doenças, além de ser causa direta de cardiopatia hipertensiva e fator etiológico de insuficiência cardíaca. Dessa maneira, está na origem de muitas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e é tida como potencial redutora de expectativa e a qualidade de vida. 

A HAS responde por mais de 50% das doenças cardiovasculares (DCV), principal causa de morte nas Américas. Mais de um quarto das mulheres adultas e quatro em cada dez homens adultos têm hipertensão no continente americano, o que faz a data ainda mais necessária porque tanto o diagnóstico, quanto o tratamento e o controle têm sido ineficazes, segundo dados da  Organização Pan-Americana de Saúde  (OPAS). 

Trata-se de um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Sua prevalência no País varia entre 22% e 44% para adultos (32% em média), chegando a mais de 50% para indivíduos com 60 a 69 anos e 75% em indivíduos com mais de 70 anos. Em nível global, a hipertensão afeta mais de 30% da população, ou seja, mais de um bilhão de pessoas, conforme os dados da OPAS na campanha para o combate à hipertensão em 2020. Segundo a organização, a situação dos países de baixa renda é ainda mais grave, porque há um aumento de fatores de risco nessas populações. 

Perfil epidemiológico da Hipertensão Arterial Sistêmica no DF

Segundo dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) 2019, o Distrito Federal chegou a  possui a maior  porcentagem de adultos que referiram diagnóstico médico de hipertensão arterial, 28,5%, dentre as capitais brasileiras. O DF também apresentou a maior frequência no sexo masculino, 29,6%. 

Em 2020, o percentual de adultos que referiram diagnóstico de hipertensão dentre a amostra trabalhada pela Vigitel foi de 21,04% e foi observado um aumento da frequência relacionado ao sexo feminino, 23,75%, enquanto que no sexo masculino foi de 17,92%. 

Os dados de 2021 da Vigitel demonstram que o número de adultos que referiram diagnóstico de hipertensão subiu para 24,71%, com o DF ocupando o 14º lugar dentre as 27 capitais brasileiras.  

Tal cenário, que leva em consideração o quadro epidemiológico e as causas multifatoriais das doenças e agravos não transmissíveis (DANTs), reforça a necessidade de políticas públicas e ações de saúde intersetoriais e multiprofissionais, para reduzir fatores de risco e aumentar fatores de proteção. Já existe a Política Nacional de Promoção da Saúde, publicada pela Portaria nº 687 MS/GM, de 30 de março de 2006, e revisada em 2015, que ratifica o compromisso na ampliação e qualificação das ações de promoção da saúde nos serviços e na gestão do SUS. Mas, ainda é necessário que sejam mais efetivas as redes de compromisso e corresponsabilidade quanto à qualidade de vida da população em que todos sejam partícipes no cuidado com a saúde.

Vigilância de DANT

A vigilância de doenças e agravos não transmissíveis, rol onde se inclui a vigilância da HAS especificamente enquanto doença crônica não transmissível, age em frentes de monitoramento, prevenção e controle, e normalmente está atrelada à promoção da saúde. As ações de Vigilância e Promoção convergem em intervenções de prevenção e promoção da saúde, visando interferir em fatores de risco e protetores de doenças e agravos não transmissíveis. 

O Projeto DANT, a ser implementado pela Sala de Situação (SDS/UnB) neste semestre,  e coordenado pelo Prof. Dr. Mauro Niskier Sanchez, desenvolve estudos para fortalecer capacidades e prestar suporte  na gestão, organização e integração das ações desempenhadas no âmbito da Atenção Primária à Saúde e da Vigilância em Saúde para o enfrentamento dessas doenças e agravos nas regiões de saúde Leste e Norte do DF.

Saiba mais

Conheça os dados de duas pesquisas que abordam o perfil epidemiológico da HAS em regiões do Distrito Federal.

O estudo Perfil socioeconômico e epidemiológico de portadores de hipertensão e diabetes do Riacho Fundo II – DF publicado na revista Comunicação em Ciências da Saúde em 2018, apresenta resultados de uma pesquisa aplicada por profissionais de saúde na região administrativa Riacho Fundo II do Distrito Federal. O texto apontou o perfil socioeconômico e epidemiológico de portadores de hipertensão no ano de 2018 na região administrativa. Dos 328 entrevistados, a maioria é mulher (68%), idosa (40%) de cor parda (48%). A renda familiar da maioria dos entrevistados (79%) está entre 1 e 3 salários mínimos mensais e um número significativo possui baixa escolaridade (48% com Fundamental Incompleto). Em relação à classificação de fatores desfavoráveis ao controle da doença, foram identificados o descuido com os horários dos medicamentos dos entrevistados (50%) e pré-obesidade e/ou obesidade (73%), conforme pesquisa publicada em 2018.

O artigo científico intitulado de Perfil epidemiológico dos pacientes com hipertensão arterial sistêmica acompanhados por um programa saúde da família de São Sebastião – DF, Brasil publicado em 2014 na Revista APS, apresentou perfil epidemiológico identificado em São Sebastião como em maioria do sexo feminino, entre 51 e 60 anos, de baixa renda, baixa escolaridade e sobrepeso. Foram entrevistados 103 pacientes hipertensos. Em relação à renda familiar, 82,5% dos pacientes recebem de um a dois salários mínimos. Quanto ao tempo de diagnóstico e tratamento, a maioria tem menos de cinco anos, 34% e 39,8%, respectivamente. 61,2% disseram ter pai ou mãe com HAS. Quanto ao estilo de vida, 94,2% disseram não consumir bebida alcoólica com frequência e 64,1% disseram consumir, frutas, verduras e legumes, pelo menos, três vezes por semana; ingerir, em média, 2L de água por dia e consumir alimentos com pouco sal. 31% têm idade entre 51 e 60 anos, seguidos de 29,2% maiores de 60 anos. Quanto à raça/cor, 58,3% dos pacientes declararam-se pardos. Referente à escolaridade, 34,9% são analfabetos. 83,5% relataram serem sedentários. 31,06% dos adultos (18 a 64 anos) de ambos os sexos, estão acima do peso. Quanto ao gênero, 67% dos entrevistados eram do sexo feminino e 33%, do masculino. A maioria, 83,5%, disse não ter antecedentes familiares para doenças cardiovasculares.

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