Por: Comunicação SDS
Gestores e profissionais de saúde devem seguir as recomendações de notificação em até 24 horas sobre casos suspeitos, casos prováveis e confirmados
A varíola símia é uma doença zoonótica viral, em que há transmissão para humanos por meio de contato com animal ou humano infectado ou por meio de material corporal que contenha o vírus. Apesar de ficar conhecida por varíola dos macacos, os primatas não humanos não são reservatórios do vírus da varíola, conforme informações oficiais do Ministério da Saúde. Até o momento, não há registros de transmissão comunitária, ou seja, aquela em que não é possível rastrear o contágio.
No continente africano, a varíola símia é uma doença viral endêmica, principalmente nos países da África Central e Ocidental, mas desde 13 de maio deste ano, foram relatados casos da varíola símia à OMS em países em locais não endêmicos. O vírus da varíola símia é considerado de transmissibilidade moderada entre humanos.
De acordo com o material de comunicação de risco publicado pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional) em 22 de maio deste ano, a transmissão da varíola símia ocorre por meio de contato pessoal com secreções respiratórias, lesões de pele de pessoas infectadas ou objetos contaminados. Fluídos corporais de pessoas contaminadas também podem infectar. Os sintomas podem ser desde dor de cabeça, dores musculares e nas costas até linfonodos, calafrios e exaustão.
Desde o dia 23 de maio, o Ministério da Saúde estabeleceu uma Sala de Situação para acompanhamento e monitoramento do cenário da varíola símia no Brasil. O informe diário da Sala de Situação Nacional de Monkeypox, divulgado em 30 de maio de 2022, cita que há registros de 333 casos confirmados de varíola símia em 23 países. “Todos os casos confirmados até agora estão relacionados a um evento comum. Ainda há muitas chances para interromper a transmissão”, cita o epidemiologista coordenador da Sala de Situação da Universidade de Brasília (SDS/UnB) Jonas Brant.
Orientações
Não há registro de casos de varíola símia confirmados no país, mas o Ministério da Saúde recomenda aos estados e municípios o acompanhamento dos Comunicados de Risco sobre a patologia, com orientações aos profissionais de saúde e informações atualizadas disponíveis até o momento sobre a doença.
Por se tratarem de eventos de saúde pública, o Ministério da Saúde estabeleceu a obrigatoriedade de notificação imediata para varíola símia. Ou seja, todos os casos suspeitos de varíola símia deverão ser comunicados de forma imediata, em até 24 horas, pelos profissionais de saúde tanto de serviços públicos quanto privados para a investigação do cenário em todo o território nacional. Para mais informações sobre a notificação de caso, clique aqui.
A definição de caso divide-se em quatro: os casos suspeitos, casos prováveis, casos confirmados e casos descartados. Segundo o Ministério da Saúde, são considerados casos suspeitos de varíola símia aqueles em que o indivíduo de qualquer idade apresenta início súbito de febre ( maior que 38,5 ºC), adenomegalia e erupção cutânea aguda do tipo papulovesicular de progressão uniforme E que apresente um ou mais dos seguintes sinais ou sintomas: dor nas costas, astenia, cefaleia.
Casos prováveis são aqueles em que o indivíduo atenda à definição de caso suspeito descrita anteriormente e, além disso, atenda a um ou mais de um dos seguintes critérios: ter vínculo epidemiológico (exposição próxima e prolongada sem proteção respiratória; contato físico direto, incluindo contato sexual; ou contato com materiais contaminados, como roupas ou roupas de cama) com caso provável ou confirmado de varíola símia, desde 15 de março de 2022, ou, histórico de viagem para país endêmico ou com casos confirmados de varíola símia (ambos no prazo de 21 dias anteriores ao início dos sinais e sintomas).
Casos confirmados de varíola símia são aqueles em que o indivíduo que atende à definição de caso suspeito ou provável teve laboratorialmente a confirmação para o vírus.
São casos descartados aqueles em que o caso suspeito não atende ao critério de confirmação para varíola símia ou, ainda, que foi confirmado para outra doença por meio de diagnóstico clínico ou laboratorial.
O Ministério da Saúde do Brasil, através da Sala de Situação Nacional de Monkeypox, está em processo de finalização das fichas de notificação e investigação para o território nacional, com estabelecimento da obrigatoriedade de notificação imediata, em até 24 horas, pelos profissionais de saúde de serviços públicos ou privados. Assim, os instrumentos encontram-se em validação interna. Até que isso aconteça, as notificações acerca de qualquer caso suspeito devem ser feitas ao CIEVS normalmente. O telefone 0800 644 6645 é destinado aos profissionais de saúde, para notificação de potenciais emergências em saúde pública, doenças de notificação imediata, de acordo com a portaria vigente e/ou a notificação de surtos. Mais informações aqui (https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svs/rede-cievs/centro-de-informacoes-estrategicas-em-vigilancia-em-saude-cievs).
Uma das ações de vigilância a ser fortalecida neste cenário é o rastreamento de contatos que, enquanto estratégia de resposta à varíola símia, pode possibilitar a detecção precoce de novos casos e possíveis surtos da doença. O Go.Data, software de apoio para a investigação de surtos e epidemias, apresenta-se como uma ferramenta oportuna para a coleta de dados, rastreamento de contatos e visualização de cadeias de transmissão da doença. Desenvolvido inicialmente para casos de Sarampo. o Go.Data vem sendo bastante utilizado no rastreamento de casos de Covid 19, como o aplicativo de vigilância ativa Guardiões da Saúde.
Para saber mais
Assista à palestra “Surtos de varíola dos macacos em 2022: o que sabemos até agora?” na próxima quinta, 2 de junho, às 7 p.m (horário de Brasília GMT-3) com o palestrante André Freitas (Doutor em epidemiologia e especialista em Saúde Pública) e o facilitador Jonas Brant (coordenador da SDS/UnB e doutor em Saúde Pública). Inscreva-se gratuitamente aqui. Esse evento faz parte da sessão ECHO que é um programa virtual de compartilhamento de saberes e práticas que visa a promover o fortalecimento das ações de saúde pública nos territórios em diversos cenários. Esta é uma iniciativa gratuita com certificado de participação, coordenada pelo Projeto ECHO do Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Novo México (EUA), em parceria com a ProEpi (Associação Brasileira de Epidemiologia de Campo).