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Pesquisadores do Projeto Arbocontrol analisam sistema de vigilância da chikungunya

Por ser uma doença relativamente nova, vigilância desta arbovirose foi criada e implementada junto ao surgimento dos casos. Avaliação é desafiadora 

Texto: Fernanda Angelo
Imagem: Rodrigo Méxas e Raquel Portugal/Fiocruz Imagens

Os pesquisadores da meta 7 do componente 2 (Novas tecnologias em saúde) do Projeto Arbocontrol seguem com as avaliações dos sistemas de vigilância entomológica e epidemiológica do Ministério da Saúde. O intuito é fazer uma análise quanto à eficácia e eficiência dos sistemas e propor recomendações. O fato já é realidade em outros países e a atividade tem sido adotada pelo órgão do governo federal. A equipe da meta 7 já apresenta algumas considerações sobre o sistema de vigilância epidemiológica da chikungunya, mas ainda avalia propostas para o melhoramento. 

De acordo com estudos sobre a doença, no Brasil, o primeiro caso importado foi detectado em 2010. E a partir de 2014, foram identificados casos nativos na região Nordeste do país, como Amapá e Bahia. A epidemiologista e pesquisadora da meta 7, Marcela Lopes explica, com base em bibliografias sobre a doença, que a chikungunya é causada pelo vírus do gênero Alphavirus e é transmitida pela picada de fêmeas infectadas do mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus. Segundo ela, estudos também mostram que há outra forma de transmissão, menos frequente, de gestantes para bebês, e que pode ocorrer por meio do parto. 

Segundo a pesquisadora, a chikungunya é uma arbovirose relativamente nova e que este é o fator que mais dificulta na avaliação do sistema de vigilância relacionado à enfermidade, mas também é exatamente o diferencial do estudo.   “A disponibilidade de informações é um fator complicador. Faltam informações sobre a história natural da doença e casos coletados. Porém, fazer uma análise abrangente sobre uma doença nova é o grande diferencial. A prática de avaliações deve ser feita periodicamente e no surgimento da doença, como esse estudo foi feito e estruturado no Brasil”, explica Marcela. 

A pesquisa observa o sistema no período de 2015 a 2018 e busca descrevê-lo e demonstrar a sua importância, identificar o nível de utilidade e propor recomendações para o aperfeiçoamento. Além disso, o estudo tem o papel de avaliar o sistema de acordo com os atributos qualitativos (simplicidade e estabilidade) e quantitativos (qualidade dos dados, representatividade e oportunidade), segundo as Diretrizes de Atualização para Sistemas de Vigilância de Avaliação dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/EUA), em inglês – Update Guidelines for Evaluating Surveillance Systems do Centers for Disease Control and Prevention. Vale destacar que o CDC teve um papel fundamental na construção dos objetivos da vigilância desde a década de 1950, o que trouxe um conceito mais ampliado, com olhar para a vigilância em saúde pública.  

Primeiras impressões 

Para a epidemiologista, apesar da urgência em criar o sistema no momento do surgimento dos casos, ele conseguiu se adaptar a essa demanda nova e isso é um ponto importante. “É preciso ficar atento, para que o cuidado com as atividades de rotina seja mantido mesmo quando o número de casos for controlado, para que não impacte negativamente na qualidade dos dados”, pontua.  

De forma geral, os pesquisadores da meta 7 afirmam que a vigilância da chikungunya, como a da zika, também em análise pela equipe, foi criada e implementada junto ao surgimento dos casos, o que trouxe um cenário diferente e desafiador. “Sempre se pode melhorar algo. Por melhor que tenhamos uma vigilância ou por melhor que a avaliação seja, ainda existem pontos a serem melhorados. Em qualquer avaliação, a parte essencial são as recomendações. Parar para avaliar e adaptar o necessário é fundamental para o frequente aprimoramento do sistema”, afirma Marcela. 

É notório que o entendimento de forma conjunta das doenças transmitidas por arbovírus é um passo essencial para entender como deve ser feito o controle vetorial. “Os conhecimentos das avaliações, inclusive da chikungunya, são passos imprescindíveis para entender como melhorar e aplicar as propostas na rotina. Isso vale para que os indicadores de resultado consigam alcançar a meta esperada”, conclui a pesquisadora. 

Projeto Arbocontrol 

Proposta para melhoria do controle do vetor Aedes aegypti e das arboviroses dengue, zika e chikungunya. Está inserido no âmbito da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FS/UnB) e do Núcleo de Estudos de Saúde Pública do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Nesp/Ceam/UnB). O projeto está dividido em quatro componentes: Pesquisa para o controle do vetor (1), Novas tecnologias em Saúde (2), Educação, Informação e Comunicação para o controle do vetor (3) e Formação e capacitação profissional (4). Conta com a participação de laboratórios, pesquisadores e professores dos departamentos de Saúde Coletiva e da Farmácia, e ainda de pesquisadores colaboradores e discentes dos diversos cursos de graduação e pós-graduação da FS/UnB e outras instituições parceiras.

 

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