Glossário

O Epi-Ride busca melhorar a capacidade de monitoramento, a gestão de crises e proporcionar respostas mais efetivas às demandas de saúde da população. Para isso, a Sala de Situação de Saúde fornece este glossário a fim de auxiliar os usuários nos conhecimentos de palavras chaves utilizadas durante o trabalho

Epidemiologia

Carga de doença

Carga de doenças é um conceito que envolve aspectos de saúde, sociais, políticos ambientais e fatores econômicos para determinar o custo de uma doença ou agravo e suas consequências sobre o indivíduo e a coletividade (CDC, 2013). 

O objetivo do Estudo de Carga de Doença Global (Global Burden Disease – GBD) é garantir que um sistema de saúde esteja adequadamente alinhado com a realidade da saúde da população, de forma que os formuladores de políticas possam visualizar os processos de transição epidemiológica e comparar as consequências provocadas pela perda de saúde ocasionadas pelas doenças, lesões e fatores de risco (IHME, 2013). Desta forma, pode-se compreender a abordagem GBD como um dos estudos epidemiológicos observacionais mundiais mais abrangentes (THE LANCET, 2023).

Para quantificar a magnitude comparativa da perda de saúde, são utilizados indicadores de mortalidade e morbidade, através da soma dos anos de vida perdidos (Years of Life Lost – YLL) com os anos de vividos com invalidez (Years Lived with Disability – YLD) que resultará no DALY (Disability Adjusted Life Years) que são os anos de vida perdidos por morte prematura ou por invalidez. Um DALY equivale a um ano de vida saudável perdido (IHME, 2013). Outro indicador utilizado no GBD é o HALE (Health Adjusted Life Expectancy), que corresponde à expectativa de vida saudável ou expectativa de vida ajustada à saúde (WHO, 2023). 

 

Referências:

 

CDC | CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. NCD Burden of Disease. Department of Health and Human Services. Atlanta: CDC, 2013. Disponível em: <https://www.cdc.gov/globalhealth/healthprotection/fetp/training_modules/2/ncd-burden-of-disease_ppt_final_09252013.pdf>.

 

DALTIO, C. S. et al. Estudos farmacoeconômicos e carga da doença em esquizofrenia. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo) [online]. 2007, v. 34, pp. 208-212. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0101-60832007000800012>. Epub 07 Nov 2007. ISSN 1806-938X. https://doi.org/10.1590/S0101-60832007000800012.

 

INSTITUTO DE MÉTRICA E AVALIAÇÃO EM SAÚDE. Estudo de Carga de Doença Global: gerando evidências, informando políticas de saúde. Seattle, WA: IHME, 2013.

 

LEITE, I. C. et al. Carga de doenças no Brasil e suas regiões, 2008. Cadernos de Saúde Pública [online]. 2015, v. 31, n. 7, pp. 1551-1564. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0102-311X00111614>. ISSN 1678-4464. https://doi.org/10.1590/0102-311X00111614.

 

MARINHO, F. et al. Novo século, novos desafios: mudança no perfil da carga de doenças no Brasil de 1990 a 2010. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2016, v. 25, n. 4, pp. 713-724. Disponível em: <https://doi.org/10.5123/S1679-49742016000400005>. ISSN 2237-9622. https://doi.org/10.5123/S1679-49742016000400005.

 

THE LANCET. Global Burden of Disease. The Lancet, 2023. Disponível em: <https://www.thelancet.com/gbd>.

 

WHO | WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Health Estimatites: Life expectancy and leading causes of death and disability. WHO, 2023. Disponível em: <https://www.who.int/data/gho/data/themes/mortality-and-global-health-estimates>.


UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. Análise de Situação de Saúde: conceitos, interpretação e uso dos indicadores de Saúde. Maranhão: UNA-SUS/UFMA, 2018. Disponível em: <https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/10828>.

Cobertura vacinal

A cobertura vacinal é um indicador que estima a proporção da população-alvo vacinada e presumivelmente protegida para determinadas doenças. O indicador é obtido por meio da equação entre o total de doses que completam o esquema vacinal e a estimativa da população-alvo, multiplicando-se por 100 e obtendo-se a porcentagem da cobertura vacinal (SES-GO, 2022; BRASIL, 2014). A meta para os 194 países membros da Organização Mundial da Saúde (OMS), era de se alcançar coberturas maiores ou iguais a  90%, contudo cada agente infeccioso possui uma taxa diferente, sendo que o vírus do Sarampo, por ser um dos mais transmissíveis, exige uma taxa de cobertura maior ou igual a 95%.

Referências: 

BRASIL. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. 2014. [s.l: s.n.]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_procedimentos_vacinacao.pdf.

SES-GO, Secretaria de Estado da Saúde do Goiás. Estratégias para aumentar a cobertura vacinal: overview de revisões sistemáticas. 2022. Disponível em: https://www.saude.go.gov.br/files//conecta-sus/produtos-tecnicos/I%20-%202022/Estrat%C3%A9gias%20para%20aumentar%20a%20cobertura%20vacinal%20-%20overview%20de%20revis%C3%B5es%20sistem%C3%A1ticas.pdf

VALENZUELA, M. T. Importancia de las vacunas en Salud Pública: hitos y nuevos desafíos. REV. MED. CLIN. CONDES; 31(3-4) 233-239. 2020. Disponível em: https://www.elsevier.es/es-revista-revista-medica-clinica-las-condes-202-pdf-S0716864020300407

Doença

A doença é uma alteração ou disfunção no funcionamento normal do corpo humano, que causa sintomas e sinais específicos. Ela pode ser causada por diversos fatores, como agentes infecciosos (vírus, bactérias, parasitas), condições genéticas, exposição a substâncias tóxicas, fatores ambientais, estilo de vida inadequado ou outras causas desconhecidas. As doenças podem ser agudas, de curta duração, ou crônicas, de longa duração, e podem variar em gravidade, desde condições leves e autolimitadas até doenças graves e potencialmente fatais. O diagnóstico e tratamento adequados são fundamentais para o manejo das doenças e a promoção da saúde.

Agravo

AGRAVO

O termo "agravo" é usado para descrever um dano, lesão ou prejuízo à saúde de um indivíduo ou população. Pode ser resultado de uma doença, acidente, condição ambiental desfavorável, exposição a riscos ocupacionais, violência, entre outros fatores. O agravo à saúde pode ter consequências negativas para a qualidade de vida, capacidade funcional, bem-estar físico e mental das pessoas afetadas. Os agravos podem ser classificados em diferentes categorias, como agravos evitáveis, agravos relacionados a condições crônicas, agravos ocupacionais, agravos à saúde mental, entre outros. A identificação e a prevenção de agravos à saúde são importantes para a promoção da saúde e a implementação de medidas de controle e intervenções adequadas.

 

Referências

 

  1. CELEPAR. “Glossário - Centro de Apoio Operacional Das Promotorias de Proteção à Saúde Pública.” Saude.mppr.mp.br, saude.mppr.mp.br/pagina-15.html#D. Accessed 14 Feb. 2023.

"Ministério Da Saúde." Bvsms.saude.gov.br, bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html.

Doenças Crônicas Não Transmissíveis

As Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs) podem ser compreendidas como condições crônicas, que estão relacionadas a causas múltiplas, devido a fatores de risco modificáveis, associado ao estilo de vida dos indivíduos. Essas condições crônicas de saúde não possuem origem infecciosa, contudo, são de longa duração podendo resultar em incapacidades funcionais, ou até mesmo desenvolver-se de maneira silenciosa. 

As DCNTs são uma das principais causas de morte no mundo, seja em países de renda alta ou de média e baixa renda, por causa constantes transformações no meio sociopolítico econômico que atua diretamente sobre os determinantes sociais de saúde. São exemplos de DCNTs as condições cardiovasculares, neoplasias, doenças respiratórias, diabetes, assim como as condições de saúde mental e neurológicas, doenças bucais, ósseas e nas articulações, condições genéticas de desordem, oculares ou aditivas. 

 

REFERÊNCIAS:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 28 p.: il. Modo de acesso: World Wide Web: <http://189.28.128.100/dab/docs/geral/documento_norteador.pdf>      ISBN 978-85-334-2018-2.

 

SIMÕES, Taynãna César; MEIRA, Karina Cardoso; SANTOS, Juliano dos; et al. Prevalências de doenças crônicas e acesso aos serviços de saúde no Brasil: evidências de três inquéritos domiciliares. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26, p. 3991–4006, 2021.

 

OMS revela principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo entre 2000 e 2019 - OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/noticias/9-12-2020-oms-revela-principais-causas-morte-e-incapacidade-em-todo-mundo-entre-2000-e>. Acesso em: 11 mar. 2023.

Doenças emergentes e reemergentes

Doença emergente - condição de saúde que surge pela primeira vez em uma população humana ou animal, ou que existe há muito tempo, mas passa a apresentar uma incidência significativa ou uma expansão geográfica inesperada, representando uma ameaça à saúde pública. Essas doenças podem surgir devido a diferentes fatores, como mudanças demográficas, urbanização, migração, alterações ambientais, mutações virais ou bacterianas, entre outros, e podem ter impactos significativos na saúde pública e na sociedade como um todo. 

Doença reemergente - condição de saúde que já foi controlada ou erradicada em uma determinada população, mas que volta a apresentar aumento de incidência ou ressurgimento em uma região ou população específica. Isso pode ocorrer devido a uma série de fatores, como a diminuição da imunidade populacional, mudanças nos padrões de comportamento, variações genéticas dos patógenos, resistência a medicamentos, entre outros. As doenças reemergentes representam desafios para a saúde pública, pois exigem ações de controle e prevenção para evitar sua disseminação e impacto na população.

 

Fontes:

Centers for Disease Control and Prevention (CDC). (2014). Emerging Infectious Diseases. Disponível em: https://www.cdc.gov/ncezid/who-we-are/about-our-name.html. Acesso em: 8 abr. 2023.

Organização Mundial da Saúde (OMS). (2017). Reemerging Infectious Diseases. Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/re-emerging-infectious-diseases/en/. Acesso em:  8 abr. 2023.

Indicadores de saúde

Indicadores de saúde são mensurações que refletem os problemas de saúde de determinada população. Através dos indicadores de saúde, é possível prever desfechos (coletivos e individuais), descrever e explicar condições de saúde da população, identificar desigualdades, além de permitir a comparação e avaliação do sistema de saúde através dos seus resultados (. 

Os indicadores de saúde são classificados como:

  1. Demográficos
  2. Socioeconômicos
  3. Mortalidade
  4. Morbidade e fatores de risco
  5. Recursos
  6. Cobertura

A qualidade dos indicadores são identificados através da validade, a capacidade de medir o que pretende analisar; confiabilidade onde é possível obter os mesmos resultados em diferentes aplicações; sensibilidade é a capacidade de identificar o fenômeno analisado; enquanto a especificidade é a capacidade de identificar somente o fenômeno analisado; a mensurabilidade determina a facilidade de se obter os dados disponíveis; relevância em responder a prioridades de saúde; custo-efetividade onde os resultados dos indicadores irão justificar o tempo e recurso (RIPSA, 2008). 

 

Referências:

 

FRANCO, J. L. F. Sistema de Informação. UNA-SUS/UNIFESP. São Paulo: UNIFESP, 2012. Disponível em: <http://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/177>.

 

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Indicadores de Saúde: elementos conceituais e práticos. ISBN 978-92-75-72005-9. OPAS, 2018. Disponível em: <https://iris.paho.org/handle/10665.2/49057>.

 

RIPSA. Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. REDE Interagencial de Informações para a Saúde - RIPSA, 2. ed. Organização Pan-Americana da Saúde. Brasília: RIPSA, 2008, p. 11-18. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/indicadores.pdf>.

 

SOÁREZ, P. C., PADOVAN, J. L., CICONELLI, R. M. Indicadores de saúde no Brasil: um processo em construção. Rev Adm Saúde, v.7, n. 27. São Paulo, 2005. 


THOMAZ, É. B. et. al. Conceitos e Ferramentas de Epidemiologia: Indicadores de Saúde. In: RODRIGUES, V. P. (org.). UNA-SUS/UFMA. v. 2. São Luís: UFMA, 2014.

Média Móvel

Média Móvel é uma ferramenta estatística com importante aplicação epidemiológica para análises de tendências (aumento, estabilização ou queda) em séries temporais de um evento de interesse, com efeito de suavização sobre as flutuações de curto prazo. 

 

O termo “móvel” é usado porque, para calcular a média móvel ao longo do tempo, descarta-se a observação mais antiga e inclui-se a observação mais recente em um período de tempo determinado (dias, semanas, mês, trimestre etc.). Assim, a média móvel é um indicador de avaliação estatística de vários pontos. 

 

A média móvel de 7 dias é um valor médio diário durante 7 dias até a data selecionada (que é incluída no cálculo). A janela de 7 dias se move – ou muda – a cada novo dia de dados. Ela é usada para suavizar novas contagens ou taxas diárias de casos e mortes, mitigando o impacto das flutuações de curto prazo e identificando com mais clareza a tendência mais recente ao longo do tempo.

 

Embora as médias móveis sejam medidas muito simples, com frequência, são pilares de construção para cálculos mais complexos, de métodos de suavização, decomposição e previsão de séries temporais.







REFERÊNCIAS: 


Secretária de Estado de Saúde de Minas Gerais .Mas afinal, o que é Média Móvel? 2020 Agosto 19. Notas de recomendação COVID-19 Availablefrom:https://coronavirus.saude.mg.gov.br/blog/138-media-movel

Sensibilidade versus especificidade

Sensibilidade e especificidade são propriedades de testes diagnósticos que auxiliam na tomada de decisão.

 

A sensibilidade diz respeito à capacidade de um determinado teste de identificar corretamente os indivíduos que, de fato, possuem uma infecção, doença ou fator de risco, como alteração genética (“verdadeiros positivos”). Quanto maior a sensibilidade, maior o seu valor preditivo negativo (VPN). Por isso, testes com alta sensibilidade (>90%) são muito bons para triagem diagnóstica.

 

Já a especificidade é a capacidade do teste de identificar corretamente os indivíduos que não possuem uma infecção, doença ou fator de risco, como alteração genética (“verdadeiros negativos”). Quanto maior a especificidade, maior o valor preditivo positivo (VPP). Assim, testes com alta especificidade são muito bons para confirmar diagnósticos.

 

O ideal é que o teste tenha alta sensibilidade e alta especificidade. Porém, com frequência, isso não é possível, sendo necessária a associação de testes para reduzir as incertezas sobre determinado diagnóstico.

 

Referências:

AVALIAÇÃO DE TESTES DE DIAGNÓSTICO: Universidade de São Paulo [Internet]. [place unknown]; 2019. Interpretação dos testes diagnósticos; [cited 2023 Apr 19]; Availablefrom:https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4146965/mod_resource/content/1/Avalia%C3%A7%C3%A3o%20de%20testes%20de%20diagn%C3%B3stico_HEP_141.pdf

Taxa de ataque

A taxa de incidência que se obtém em uma situação de exposição de um grupo de pessoas ao mesmo risco em uma área definida é denominada taxa de ataque da doença e é expressa usualmente em porcentagem. É bastante útil na análise e na investigação de surtos em locais fechados, onde todos os expostos são identificáveis. 

Consideremos, como exemplo, uma situação em que 96 pessoas foram expostas a um agente (por exemplo, a bactéria Pseudomonas aeruginosa contaminando a equipe cirúrgica), das quais 26 adoeceram em um período curto de tempo. A taxa de ataque é obtida da seguinte forma:

Taxa de ataque = nº de doentes/ nº pessoas expostas ao risco X 100

Existe também a chamada taxa de ataque secundário, que mede o contágio de uma doença de transmissão pessoa a pessoa e, portanto, é de utilidade para avaliar a efetividade das medidas de controle de um surto.

A taxa de ataque secundário expressa o número de casos de uma doença que aparecem dentro do período de incubação entre os contatos suscetíveis expostos a um caso primário ou índice, em relação com o número total de contatos suscetíveis expostos. Calcula-se da seguinte maneira:

Taxa de ataque secundário: nº de casos secundários/nº de contatos suscetíveis expostos X 100.

 

Referências:

Módulos de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades (MOPECE). Módulo 3:  Medição das condições de saúde e doença na população. Organização Pan-Americana da Saúde, Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/modulo_principios_epidemiologia_3.pdf

Curso de especialização de saneamento e saúde ambiental: promoção da saúde em comunidades rurais (CESSA). Módulo 2: Epidemiologia, indicadores de saúde e os sistemas de informação. [Ebook] / Organizadores Juliana de Oliveira Roque e Lima, Michele Dias da Silva Oliveira, Valéria Pagotto. – Goiânia: CEGRAF UFG, 2020. Disponível em: https://publica.ciar.ufg.br/ebooks/saneamento-e-saude-ambiental/modulos/4_modulo_saude/02.html

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