Projeto Arbocontrol oferece tutoriais para uso de software

Com base no método pesquisa-ação, medida auxilia agentes e gestores de saúde que atuam no controle do Aedes aegypti e de arboviroses a usar a ferramenta de maneira eficaz e correta 

Por Fernanda Angelo 

Pesquisadores do componente 2 (novas tecnologias em saúde) do Projeto Arbocontrol, além de desenvolverem o software SisVetor: Módulo Gestor e Aplicativo de Campo, que facilita a coleta de dados e auxilia no controle do Aedes aegypti e, consequentemente, das arboviroses dengue, zika e chikungunya, estão empenhados também em ensinar os agentes e gestores em saúde como a ferramenta funciona. Com tutoriais, divulgados no Youtube, é possível acompanhar o passo a passo de processos específicos tanto para o aplicativo de campo como para o módulo gestor. 

O processo é baseado no método pesquisa-ação que, segundo David Tripp, em seu artigo Action research: a methodological introduction (Pesquisa-ação: uma introdução metodológica) requer ação tanto nas áreas da prática quanto da pesquisa. Para o autor, a prática tende a reagir de imediato e com eficiência a eventos na medida que ocorram e a pesquisa a operar com base em protocolos metodológicos. É dessa forma que ele avalia a pesquisa-ação como pró-ativa. Ela fica entre a prática e a pesquisa, com respeito à mudança, avaliada por Tripp como estratégica. Ou seja, segundo ele, a ação é realizada com base no entendimento alcançado por meio da análise de informações de pesquisa. 

Pensando assim, a equipe do componente 2 do Projeto Arbocontrol decidiu fazer um acompanhamento periódico dos usuários do Sisvetor, com o objetivo de conhecer as dificuldades ao trabalharem com o software para propor ações estratégicas de aprimoramento de processos dentro da ferramenta e oferecer facilidades para o uso correto e eficaz, tanto do aplicativo como do módulo gestor. Foi assim que os tutoriais voltados aos agentes e gestores da saúde que trabalham com a ferramenta tornaram-se realidade pelo grupo de especialistas que desenvolveram o software.

Atualmente, o Sisvetor é testado nos projetos pilotos em Sete Lagoas (MG) e em Manaus (AM). Segundo uma das pesquisadoras do componente 2, mestra em ensino tecnológico e responsável por gravar alguns dos tutoriais, Gilmara Maquiné, os temas dos vídeos surgem a partir desses acompanhamentos periódicos realizados com as equipes locais dos pilotos. “A partir das necessidades que eles expõem durante as nossas reuniões, chegamos a um tópico que pode potencializar o uso do sistema”, esclarece. 

Os tutoriais foram elaborados, separadamente, para cada plataforma: aplicativo e módulo gestor. Gilmara Maquiné explica que isso ocorre pois os elementos que compõem as interfaces são diferentes. “O agente de campo tem acesso ao aplicativo com uma interface adaptada às telas de smartphones e tablets. Dessa forma, é preciso fazer um vídeo voltado para utilização em um dispositivo móvel. Assim como o módulo gestor, que é desenvolvido com elementos para navegadores web e contempla a navegação em telas de notebooks e computadores.” explica. 

A pesquisadora reforça que as dúvidas sempre aparecem quando os usuários começam a utilizar a ferramenta.  Dessa forma, Gilmara avalia que os tutoriais fazem toda a diferença no uso do Sisvetor.  “Para minimizar qualquer tipo de problema que inviabilize o uso do software nas atividades cotidianas, os vídeos facilitam e esclarecem alguma dúvida pontual que possa surgir. Esse tipo de material tem como vantagem a flexibilidade de estarem acessíveis tanto em computadores como em smartphones e tablets”, afirma a especialista. 

Embora o SisVetor seja desenvolvido considerando métricas de usabilidade, com um design simples, a pesquisadora reforça que esse tipo de material auxilia na reutilização do software como objeto de aprendizagem em outros locais. Para a pesquisadora, essa é uma característica importante para a longevidade do projeto. “Como afirmam Mendes, Souza e Caregnato, essa característica de reusabilidade pode ser descrita como a reutilização do software diversas vezes em diversos ambientes de aprendizagem”, conclui Gilmara Maquiné. 

Confira aqui os tutorias da ferramenta Sisvetor.

Sisvetor 

O software SisVetor: Módulo Gestor e Aplicativo de Campo faz parte da meta 8 do Componente 2 do Projeto Arbocontrol e permite a configuração de territórios e imóveis a serem inspecionados, por meio de dados cadastrais e de geolocalização, com coordenadas e polígonos nos mapas. Com a ferramenta, é possível também apoiar a organização do processo de trabalho, com criação de atividades semanais, que passam pelas fases de planejamento, execução, monitoramento e controle, bem como o encerramento – com revisão da atividade de forma digital. O aplicativo de campo possibilita que as atividades também sejam realizadas de forma offline.

Pilotos

O projeto piloto em Manaus (AM), foi iniciado em agosto de 2019 para monitorar as visitas de imóveis de pontos estratégicos. Já em Sete Lagoas (MG), as atividades começaram em outubro de 2019 e seguem com o monitoramento de armadilhas ovitrampas para o controle do vetor. O próximo passo é validar nos pilotos outros tipos de atividade de vigilância e controle vetorial como visita casa-a-casa, bloqueio vetorial e levantamento de índice rápido para Aedes aegypti (LIRAa).

Projeto Arbocontrol 

Proposta de investigação do controle do vetor Aedes aegypti e das arboviroses dengue, zika e chikungunya. Está inserido no âmbito da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FS/UnB) e do Núcleo de Estudos de Saúde Pública do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Nesp/Ceam/UnB). O projeto está dividido em quatro componentes: Pesquisa para o controle do vetor (1), Novas tecnologias em Saúde (2), Educação, Informação e Comunicação para o controle do vetor (3) e Formação e capacitação profissional (4). Conta com a participação de laboratórios, pesquisadores e professores dos departamentos de Saúde Coletiva e da Farmácia, e ainda de pesquisadores colaboradores e discentes dos diversos cursos de graduação e pós-graduação da FS/UnB e outras instituições parceiras.

 

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