Ferramenta, que conta com aplicativo de campo, é avaliada como positiva por colaboradores na coleta de dados para controle da dengue, zika e chikungunya
Por Fernanda Angelo
Os trabalhos do Componente 2 do Projeto Arbocontrol seguem a todo vapor. A equipe responsável pelo desenvolvimento das atividades tem se dedicado para cumprir as metas e já colhem os resultados. Atualmente, dois pilotos – em Manaus (AM) e Sete Lagoas (MG) – encontram-se em ação, com resultados positivos em relação à tecnologia utilizada para o controle do vetor Aedes aegypti, com o software SisVetor: Módulo Gestor e Aplicativo de Campo.
De acordo com um dos pesquisadores do projeto, Rogério Carminé, o módulo SisVetor permite a configuração de territórios e imóveis a serem inspecionados, por meio de dados cadastrais e de geolocalização, com coordenadas e polígonos nos mapas. “São fatores que permitem análises de dados mais ricas para tomada de decisão”, reforça Carminé.
Com a ferramenta, é possível também apoiar a organização do processo de trabalho, com criação de atividades semanais, que passam pelas fases de planejamento, execução, monitoramento e controle, bem como o encerramento – com revisão da atividade de forma digital. “É possível ainda monitorar os recursos humanos envolvidos na atividade e gerenciar os registros das análises laboratoriais, tanto para contagem de ovos do mosquito vetor, quanto para identificação das larvas”, esclarece o pesquisador.
O aplicativo de campo permite que os trabalhos também sejam realizados de forma offline. Segundo Carminé, a equipe faz a sincronização da lista de trabalho, que contém os imóveis que serão visitados, em um local com acesso à internet. Depois, é possível registrar as ações de campo no aplicativo de forma offline, já que os dados ficam mantidos no dispositivo até o envio ao servidor – quando o usuário tiver conexão com a internet.
“A funcionalidade de registro de campo foi idealizada para ser compatível com cenários onde não existem dispositivos móveis para todos os agentes. Isso permite que os registros de campo também sejam realizados na base de trabalho, a partir de dados coletados em formulários de papel”, destaca Carminé.
Resultados positivos
Os colaboradores dos projetos pilotos em Manaus (AM) e em Sete Lagoas (MG) perceberam uma melhora na qualidade dos dados, bem como na diminuição de erros de registros e do retrabalho. Além disso, avaliaram maior facilidade para revisão dos registros, diminuição do tempo para gerar informação gerencial e outros instrumentos de informação, como mapas e gráficos que são gerados automaticamente pelo sistema. Antes, eles eram feitos manualmente em ferramentas de escritório e softwares específicos com ajuda de um especialista.
Pilotos
Os projetos pilotos em Manaus (AM) e em Sete Lagoas (MG) são realizados para o controle do Aedes aegypti e suas espécies e, consequentemente, das doenças Dengue, Zika e Chikungunya. Em Manaus (AM), os trabalhos foram iniciados em agosto de 2019 para monitorar as visitas de imóveis de pontos estratégicos. Está em operação o monitoramento de aproximadamente 80 imóveis. Já em Sete Lagoas (MG), as atividades começaram em outubro de 2019 e seguem com o monitoramento de armadilhas ovitrampas para o controle do vetor. Já estão sendo monitoradas 170 imóveis com armadilhas instaladas.
De acordo com Rogério Carminé, o próximo passo é validar nos pilotos outros tipos de atividade de vigilância e controle vetorial como visita casa-a-casa, bloqueio vetorial e levantamento de índice rápido para Aedes aegypti (LIRAa).
Apoio e financiamento
O Projeto Arbocontrol é financiado com recursos do Ministério da Saúde. Em contrapartida, a Universidade de Brasília disponibiliza instalações físicas, equipamentos, material de consumo, além dos docentes e líderes de pesquisa.
Os pilotos do Componente 2, realizados, atualmente, em Manaus (AM) e em Sete Lagoas (MG), têm recebido apoio dos governos locais. Em ambas regiões, o projeto piloto conta com a colaboração das secretarias municipais de saúde e, em Sete Lagoas, também com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.
Projeto Arbocontrol
Proposta de investigação do controle do vetor Aedes aegypti e das arboviroses dengue, zika e chikungunya. Está inserido no âmbito da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FS/UnB) e do Núcleo de Estudos de Saúde Pública do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Nesp/Ceam/UnB). O projeto está dividido em quatro componentes: Pesquisa para o controle do vetor (1), Novas tecnologias em Saúde (2), Educação, Informação e Comunicação para o controle do vetor (3) e Formação e capacitação profissional (4). Conta com a participação de laboratórios, pesquisadores e professores dos departamentos de Saúde Coletiva e da Farmácia, e ainda de pesquisadores colaboradores e discentes dos diversos cursos de graduação e pós-graduação da FS/UnB e outras instituições parceiras.