Autotestes são uma importante estratégia, mas recomendações de uso precisam ser seguidas

No dia 17 de fevereiro, a Anvisa aprovou o registro do primeiro autoteste contra Covid-19. Os produtos já começaram a ser comercializados no início de março e apesar da eficácia, é apenas um método orientativo.

Por: Pedro Ícaro | Mariana Ferreira Lopes | Comunicação SDS

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no dia 17 de fevereiro deste ano o primeiro registro de autoteste para Covid-19 no Brasil. Segundo o órgão, o produto se chama Novel Coronavírus (Covid-19) Autoteste Antígeno e é utilizado amostra de swab nasal, com resultado após 15 minutos. Atualmente, estão registrados cerca de 11 autotestes contra a Covid-19 que começaram a ser comercializados no início de março. O autoteste é eficaz porém requer alguns cuidados, como ressalta Jonas Brant, epidemiologista e coordenador da Sala de Situação da UnB. 

“Ele [o exame] tende a ter uma sensibilidade um pouco menor do que a sensibilidade dos testes realizados em laboratórios com uma estrutura um pouco mais robusta, com exames de melhor qualidade, mas ele tem uma facilidade de acesso e inclusão no nosso cotidiano que pode permitir a realização de muitos testes”, explica, Brant. 

O epidemiologista complementa que, apesar da chegada dos autotestes representarem um avanço, foi autorizado de forma tardia, pois as testagens poderiam estar sendo utilizadas em momentos cruciais como na onda da variante Ômicron. Segundo estudo das redes Vírus e Corona-ômica BR, vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), de novembro até a segunda semana de janeiro de 2022, cerca de 97% dos casos da Covid-19 no Brasil eram provenientes da variante Ômicron, informações foram coletadas até a segunda semana de janeiro de 2022. 

Orientações

O recomendado pela Anvisa é que o autoteste seja utilizado entre o 1º e o 7º dia de sintomas como coriza, febre, tosse, dor de garganta, dores de cabeça e no corpo. Se mesmo sem sintomas, houver contato com alguém que testou positivo,  a orientação é aguardar cerca de cinco dias antes de usar o teste. Em caso de resultado positivo, segundo recomendação da Anvisa, mesmo sem sintomas, o isolamento social deve iniciar imediatamente, assim como o uso de máscara, avisar as pessoas com quem teve contato recente para que também realizem o teste. Contudo há possibilidade de ocorrer o falso positivo. Dessa forma, recomenda-se a confirmação do diagnóstico em um estabelecimento de saúde mais próximo. 

“Somente os autotestes aprovados pela Anvisa podem ser comercializados no país, seja em farmácias ou estabelecimentos de produtos médicos regularizados junto à vigilância sanitária. É proibida a venda de autotestes em sites que não pertençam a farmácias ou estabelecimentos de saúde autorizados e licenciados pelos órgãos de vigilância sanitária”, segundo nota emitida pela Anvisa.

A Anvisa ainda ressalta que o auto teste não é um diagnóstico definitivo, a testagem possui caráter orientativo, logo não tem a função de um atestado médico, por exemplo. Clicando aqui você encontra mais informações sobre os autotestes para a Covid-19. 

Autotestes para HIV

Além da Covid-19, autotestes já vêm sendo utilizados para a detecção do vírus da Imunodeficiência Humana, o HIV. O primeiro registro de um autoteste para HIV no Brasil foi em 2017 e também foi pauta de discussão no decorrer de seu processo de aprovação pela  Anvisa. Segundo a epidemiologista e professora vinculada à Sala de Situação da UnB, Daniela Magalhães, o Brasil conta com 39 mil casos, em média, de Aids nos últimos cinco anos e há uma estimativa de que cerca de 900 mil pessoas vivem com HIV e desconhecem a infecção. 

“O autoteste de HIV é uma estratégia importante para ampliar o acesso ao diagnóstico, principalmente às populações-chave e prioritárias ao HIV, além de ser uma opção de testagem para quem não quer ou não pode se testar nos serviços de saúde, e favorece a autonomia do indivíduo nas decisões de saúde, permitindo que a pessoa decida onde, quando e como ela quer ser testada”, explicou. 

Neste ano, o Ministério da Saúde apresentou as diretrizes atualizadas para a distribuição do autoteste de HIV pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No documento há um plano estratégico para “populações que, historicamente, enfrentam dificuldades para acessar os serviços de saúde, por questões que envolvem preconceito e discriminação – ou que não os acessam por quaisquer outros motivos”. 

O plano de distribuição é dividido por categorias para atender cada situação de forma efetiva.

  • Parcerias sexuais e/ou pares de pessoas que buscam a PrEP
  • Locais de sociabilidade das populações-chave e prioritárias
  • Parcerias sexuais de pessoas vivendo com HIV (PVHIV)
  • Parcerias sexuais e/ou pares de pessoas testadas nos serviços de saúde

Vale ressaltar que caso o resultado do autoteste seja reagente, são  recomendados testes adicionais com um profissional que fará uma avaliação mais completa e validará o diagnóstico. Acesse na íntegra o documento disponibilizado pelo Ministério da Saúde e confira as diretrizes atualizadas para a distribuição do autoteste de HIV pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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