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Comunicação de risco

Para a Sala de Situação (SDS), a Comunicação de Risco é uma das áreas de pesquisa e projetos de intervenção na resposta aos desafios para o campo da saúde pública. Sabemos que o fortalecimento de habilidades e competências comunicacionais é um aspecto fundamental para a vigilância em saúde, isso tanto em cenários epidêmicos como não-epidêmicos. Por isso, disponibilizamos materiais relacionados à Comunicação de Risco para serem aplicados nos mais diversos cenários, sobretudo na RIDE.

O que é comunicação de risco?

A comunicação de risco é a troca em tempo real de informações, orientações e opiniões entre especialistas ou autoridades e pessoas que enfrentam uma ameaça (um perigo) à sua sobrevivência, à sua saúde ou ao seu bem-estar econômico ou social. O objetivo final é que todos em risco possam tomar decisões informadas para mitigar os efeitos da ameaça e tomar medidas de proteção e prevenção. Segundo o guia Comunicação de  risco em emergências de saúde pública: “A comunicação recíproca e   multidirecional com as populações afetadas para poderem tomar decisões informadas com o fim de protegerem-se a si mesmas e a seus seres queridos" (OMS, 2017). 

Na comunicação de risco, é preciso compreender as percepções, preocupações e crenças das pessoas envolvidas. E a comunicação de risco, para ser mais eficaz, também deve identificar logo no início e, em seguida, manejar qualquer tipo de informação falsa, desinformação e outros desafios de comunicação.

Recentes emergências de saúde pública, tais como o surto da doença do vírus do Ébola na África Ocidental (2014–2015), a emergência da síndrome do vírus Zika em 2015–2016 e os surtos de febre-amarela em vários países africanos. Em 2016, evidenciaram os principais desafios e lacunas na forma como os riscos são comunicados durante as epidemias e outras emergências sanitárias. Esses desafios incluem a rápida transformação das tecnologias de comunicação e informação, incluindo a disseminação quase universal dos celulares, o uso generalizado e a influência cada vez mais poderosa dos meios digitais. 

Logo, todas essas tecnologias possuem forte impacto nas mídias tradicionais (jornais, rádio e televisão) e grandes mudanças na forma como as pessoas acedem e confiam na informação sobre saúde. Lacunas importantes são as considerações sobre o contexto: fatores sociais, econômicos, políticos e culturais, que influenciam a percepção que as pessoas têm dos riscos e os seus comportamentos na busca para mitigá-los.

 

REFERÊNCIAS

FIOCRUZ BRASÍLIA. Minicurso Comunicação de risco: conceito e prática – Fiocruz Brasília. Disponível em: <https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/minicurso-comunicacao-de-risco-conceito-e-pratica/>. Acesso em: 14 ago. 2023.


World Health Organization. (‎2017)‎. Communicating risk in public health emergencies: a WHO guideline for emergency risk communication (‎ERC)‎ policy and practice. World Health Organization. https://apps.who.int/iris/handle/10665/259807. Licença: CC BY-NC-SA 3.0 IGO

O que é engajamento comunitário?

A participação social no Sistema Único de Saúde (SUS) foi institucionalizada pela lei 8142/90 como um marco para estabelecer diretrizes e recursos na tomada de decisão participativamente. Com o campo da comunicação de risco, a participação social se torna elemento importante para a construção e monitoramento de fundo, conselhos, planos e relatórios em contextos de emergências em saúde pública. 

O engajamento comunitário é definido, segundo o kit de ferramentas para ações humanitárias da UNICEF (2022), como ação fundamental para trabalhar com grupos e líderes tradicionais e comunitários, da sociedade civil, governamentais e de opinião. Entendendo principalmente como uma expansão dos papéis coletivos, principalmente da saúde coletiva, na abordagem de questões que afetam as suas vidas e percepção de risco. 

Entre seus principais objetivos envolvem capacitar redes locais baseado nos pontos fortes. Aumentar a participação, apropriar e adaptar os conhecimentos dos instrumentos de comunicação local. O engajamento comunitário, mediante princípios, objetivos e estratégias, oferece as partes interessadas acesso à conjunto de processos da análise até avaliação para construir ações, programas e políticas que promovam, desenvolvam, se protegem e participam (UNICEF, 2022) dos campos da saúde coletiva e, em específico a comunicação de risco, nas situações de emergências. 

A seguir, segundo OMS (2017), as principais práticas de engajamento comunitário envolvem: 

Compreender as necessidades da comunidade: As campanhas de comunicação em saúde entende as características demográficas, culturais e sociais da comunidades-chave. Isso permite adaptar as mensagens e os canais de comunicação de maneira apropriada.

Participar ativamente: Incentivar a participação ativa da comunidade na formulação de estratégias de comunicação e na tomada de decisões relacionadas à gestão de riscos em saúde é uma prática de formação dos atores-chave, ou stakeholders, ou grupos consultivos, ou fóruns de discussão.

Comunicar objetivamente e de forma acessível: as informações trabalhadas no processo de tradução do conhecimento devem ser apresentadas concisamente e em linguagem acessível para o público-chave. Evitar o uso de jargões técnicos, de guerra e garantir que as informações sejam compreendidas por todos.

Utilizar dos múltiplos canais de comunicação: utilizar uma variedade de canais de comunicação, como mídias sociais, rádio, televisão, panfletos, reuniões comunitárias e mensagens de texto, para alcançar diferentes segmentos populacionais. A utilização da comunicação mais frequente pela própria comunidade é uma atividade de engajamento comunitário.

Envolver líderes locais: Envolver líderes comunitários, religiosos, educacionais e outros influenciadores locais apoiam a disseminação de informações confiáveis e a motivar a adesão às medidas de saúde coletiva recomendadas.

Construir espaços de resposta a perguntas e preocupações: fornecer espaços para as pessoas poderem fazer perguntas e expressar suas preocupações. Responder a essas dúvidas de maneira precisa e empática ajuda a dissipar informações incorretas e a aliviar a ansiedade. Por exemplo, aba de perguntas frequentes em websites e/ou respostas aos comentários do canal de Instagram.

Criar relações com feedback contínuo: Manter um canal de comunicação é fundamental, mas manter uma relação com usuários é essencial. Essa atividade permite entender as mensagens sobre saúde coletiva que a comunidade devolve e assim auxiliar na criação, monitoramento e avaliação das medidas implementadas, que permite fazer ajustes conforme necessário.

Capacitar a comunidade: Oferecer recursos educativos que capacitem as pessoas, sejam elas autoridades em saúde pública, líderes de saúde e de comunicação, entre outras, a tomar decisões informadas sobre a saúde coletiva. Isso pode incluir habilidades de educação em saúde e comunicação de risco sobre medidas preventivas, sintomas de doenças e como procurar ajuda com especialistas. 

O engajamento comunitário visa promover a colaboração, compreensão mútua e ação coletiva para enfrentar desafios de saúde coletiva. Sobre a comunicação de risco, esse processo, em situações de emergências em saúde pública, é possível aumentar a eficácia das intervenções de saúde, reduzir a disseminação de informações errôneas e melhorar a adesão da comunidade a medidas de prevenção e controle de agravos com potencial de surto. 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS} e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União. 1990.

 

UNICEF. The Community Engagement in Humanitarian Action Toolkit (CHAT). New York, United States. 2022. Disponível em: <https://www.corecommitments.unicef.org/kp/community-engagement-in-humanitarian-action-(chat)-toolkit%3A-updated-version> Acesso em: 24 de agosto de 2023.


WORLD HEALTH ORGANIZATION. Communicating risk in public health emergencies: a WHO guideline for emergency risk communication (‎ERC)‎ policy and practice. World Health Organization. 2017. Disponível em:  https://apps.who.int/iris/handle/10665/259807. Acesso em: 24 de agosto de 2023.

Qual a importância da comunicação de risco e do engajamento comunitário em emergências de saúde pública?

Segundo o Regulamento Sanitário Internacional (RSI), 2005, o termo Emergência em Saúde Pública (ESP) pode ser compreendido como uma situação de manifestação de uma doença, ou uma eventualidade que tenha potencial para o desenvolvimento de uma doença. Logo, esse entendimento não se restringe, apenas, à possibilidade de consequências negativas à saúde de uma população.  importante também considerar alguns fatores de riscos potenciais, sejam eles biológicos, químicos, radionucleares ou desastres ambientais.

A Comunicação de Risco e Engajamento Comunitário (CREC) é compreendida como um conjunto de estratégias de detecção, prevenção e preparação de respostas em um cenário considerado desafiador para a saúde pública (OPAS, 2020). Logo, essa estratégia possibilita melhorar a capacidade de comunicação, de maneira mais prática e objetiva  com a comunidade. A CREC auxilia, também, na compreensão das diferentes percepções de risco e aumento da confiança nas informações para o processo de tomada de decisão, seja individualmente ou coletivo.

REFERÊNCIAS

LIMA, Yara Oyram Ramos; COSTA, Ediná Alves. Regulamento sanitário internacional: emergências em saúde pública, medidas restritivas de liberdade e liberdades individuais. Vigilância Sanitária em Debate, v. 0, n. 0, p. 266/201, 2014.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Comunicação de risco e prontidão de envolvimento comunitário e resposta ao novo coronavírus de 2019 (2019-nCoV): Guia Provisório. Disponível em: https://iris.paho.org/handle/10665.2/51935

O que é percepção de risco?

O termo percepção de risco surge na década de 1970, a partir de um estudo empírico, no qual observaram que os indivíduos possuíam entendimento e opiniões distintas sobre aquilo que era considerado risco, e ainda como lidavam com os cenários de incertezas (Rembischevski e Caldas, 2020). Sendo assim, considera-se a percepção de risco de um indivíduo, está relacionada a uma reflexão mais subjetiva, o qual é influenciada direta ou indiretamente por valores socioculturais (Giulio et al., 2015). O importante é compreender, a partir da perspectiva do indivíduo, quais são os pontos de conflito entre suas crenças e descrenças, e os seus valores sociais e culturais. 

Portanto, torna-se uma perspectiva de análise mais qualitativa dos acontecimentos. Sendo assim, a reação emocional e grau de exposição semelhante ao modelo de percepção de risco, proposto por Peter Sandman, possibilita a visualização dessa análise, partir da gravidade de perigo em relação à exposição de risco e o grau de reação emocional dos indivíduos (WOAH, 2020). Esse despertar da comunidade no desenvolvimento da percepção de risco para o enfrentamento de  determinados cenários que impactam a saúde pública, induz o processo de mudança de comportamento, para mitigação de riscos.

Para compreender melhor a percepção de risco dos indivíduos, é necessário primeiramente identificar as populações-chave,  para que se possa alertar sobre as informações de maneira adequada. Segundo, descrever melhor qual é o perfil da população, por faixa etária, raça/cor, sexo, escolaridade, entre outros. Compreender todos esses aspectos, que estão diretamente relacionados aos determinantes sociais em saúde (DSS), possibilita entender qual é a reação emocional e o grau de exposição, para que sejam  desenvolvidas estratégias que visem a mitigação de risco.

 

REFERÊNCIAS

LIMA, Yara Oyram Ramos; COSTA, Ediná Alves. Regulamento sanitário internacional: emergências em saúde pública, medidas restritivas de liberdade e liberdades individuais. Vigilância Sanitária em Debate, v. 0, n. 0, p. 266/201, 2014.

 

REMBISCHEVSKI, Peter; CALDAS, Eloisa Dutra. Teorias e abordagens da percepção de risco: o contexto da saúde humana. 

 

WORLD ORGANIZATION FOR ANIMAL HEALTH. (2020). Manual de Comunicação para os Serviços Veterinários. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/programas-de-saude-animal/raiva-dos-herbivoros-e-eeb/manualemportugues_fevereiro_12_02_2020.pdf/view.

O que é SOCO e como posso utilizar nas estratégias de CREC?

A estratégia do SOCO, pode ser entendida como uma mudança de comportamento que se deseja alcançar como resultado da comunicação, sinalizado por uma necessidade de saúde. Logo, deve expressar de maneira prática e objetiva, as mudanças de comportamento que se deseja atingir (WHOA, 2020).

O desenvolvimento do SOCO depende de um tema e de um motivo, que justifique a mudança de comportamento pelas populações-chave. O acesso a informações adequadas e em tempo oportuno são essenciais. Por isso, torna-se relevante a identificação dessas populações-chave para estabelecer essa comunicação. Partindo, da compreensão da percepção de risco pelos diferentes grupos que compõem esse cenário, sejam eles algum grupo específico e especialista da área de saúde, para que assim, os canais de comunicação sejam adaptados, tornando a comunicação mais efetiva (Brasil, 2022).

Outra forma de engajar a comunidade, para que assim, entendam a importância das recomendações de mudança de comportamento, é indispensável, identificar líderes comunitários que auxiliem nessa divulgação de informações. E é claro, reconhecer as incertezas que circulam na comunidade. Não deixando, é claro, de promover gradualmente a divulgação de informações sobre os fatos com bases em relatos de experiências exitosas, evitando assim, a estigmatização sociais ou uma crise de comunicação (Brasil, 2022).

Veja aqui um exemplo produzido pela equipe. 

REFERÊNCIAS

WORLD ORGANIZATION FOR ANIMAL HEALTH. (2020). Manual de Comunicação para os Serviços Veterinários. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/programas-de-saude-animal/raiva-dos-herbivoros-e-eeb/manualemportugues_fevereiro_12_02_2020.pdf/view.

 

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências em Saúde Pública. Formação de tutores em Epidemiologia de Campo : módulo 03 – introdução à comunicação científica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências em Saúde Pública. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022.

O que é risco?

Risco refere-se à possibilidade de ocorrer perda, dano, prejuízo ou consequência indesejada devido a ações, situações ou eventos, a palavra risco é utilizada em uma variedade de contextos, por exemplo, o risco ambiental, o risco de epidemia, o risco de morte, o risco biológico, o risco de acidente, o risco financeiro.

Em cada área o risco está presente, no financeiro está relacionado à associada aos investimentos e à possibilidade de perda de capital. Na segurança, o risco refere-se à probabilidade de ocorrência de ameaças ou ataques. 

Em saúde, o risco pode ser associado à possibilidade de contrair doenças ou sofrer lesões, ou seja, refere à probabilidade de uma pessoa sofrer danos à saúde devido a um perigo em  específico. Portanto, o risco em saúde pode ser considerado a possibilidade de ocorrer situações que impactem na saúde  de uma pessoa como resultado da exposição a determinados cenários, comportamentos, ou atividades. Embora seja possível tomar medidas para mitigar  riscos em saúde, eliminá-lo por completo pode ser desafiador em  muitos casos, visto que, a maioria das atividades humanas possui algum nível de risco associado.

O conceito de risco envolve dois elementos principais:

Probabilidade: É a possibilidade ou frequência de ocorrência de um evento induzido, quanto maior a probabilidade para esse evento, maior será o risco associado.

Impacto: Refere-se à gravidade das consequências negativas caso o evento causador. Quanto mais dolorosas forem as consequências, maior será o risco.

Por fim, avaliar o risco envolve considerar a probabilidade e o impacto de eventos incidentes, sendo fundamental para tomar decisões de sobrevivência e adotar medidas de prevenção.

 

REFERÊNCIAS

Conceito: Risco - TRT-PR | Tribunal Regional do Trabalho do Paraná. Disponível em: <https://www.trt9.jus.br/pds/pdstrt9/guidances/concepts/risk_AF5840DA.html>. Acesso em: 15 ago. 2023.

 

UNIFAL - Minas Gerais. Perigo e Risco. Universidade Federal de Alfena. Disponível em: <https://www.unifal-mg.edu.br/riscosambientais/perigoseriscos>. Acesso em: 24 ago. 2023.



ALMEIDA-FILHO, Naomar de; COUTINHO, Denise. Causalidade, contingência, complexidade: o futuro do conceito de risco. Physis: revista de saúde coletiva, v. 17, p. 95-137, 2007

Quais são as estratégias de comunicação de risco e engajamento comunitário que podem ser utilizadas em uma emergência em saúde pública?

A escolha das estratégias de comunicação de risco e engajamento comunitário dependerá do contexto da emergência em saúde pública em si, com base no diagnóstico do cenário local. Algumas recomendações identificadas em diretrizes de CREC são:  Treinar profissionais em comunicação de risco de emergência

Promover assistência técnica de comunicação de risco 

Desenvolver diretrizes e manuais de comunicação de risco em emergência de saúde pública

Elaborar metas e planos de comunicação com funções visíveis de cada ator-chave 

Buscar as voz das emergências de saúde pública e após o mapeamento, relatar as narrativas e a diversidade de percepções de risco da comunidade

Criar projetos de capacitação em comunicação em saúde para apoiar e testar uma série de canais de comunicação localmente 

Integrar práticas de comunicação de risco com outras práticas do serviço em saúde

Fortalecer programas de Treinamento em Epidemiologia de Campo com comunicação de risco

Treinar profissionais da comunicação sobre saúde como parte de uma força de resposta 

Criar fluxo de comunicação bidirecional por meio de um boletim de saúde gratuito e distribuído para organizações comunitárias que atendem populações vulneráveis

 

Referências

KLAIMAN, Tamar et al. Locating and communicating with at-risk populations about emergency preparedness: the vulnerable populations outreach model. Disaster medicine and public health preparedness, v. 4, n. 3, p. 246-251, 2010.

FROST, Melinda et al. Progress in public health risk communication in China: lessons learned from SARS to H7N9. BMC public health, v. 19, n. 3, p. 1-9, 2019.

Qual é o papel da liderança comunitária em comunicação de risco e engajamento comunitário?

A liderança comunitária possui um papel muito essencial na comunidade, ao ser através dela que é possível saber quais são os atores-chave que possuem vozes ativas e que promovem o engajamento no local. Dessa forma, a identificação desses influenciadores, como, por exemplo, líderes comunitários, líderes religiosos, agentes de saúde, curandeiros e redes, ajudam a propagar informações de qualidade  para que toda a comunidade tenha acesso (OPAS, 2020).

Além disso, os líderes conseguem contribuir com a simplificação da linguagem dos materiais preventivos e adaptá-los apropriadamente com a linguagem informal e singular de cada comunidade. Assim, todo o público irá conseguir compreender as informações e pôr em prática as ações recomendadas pelos profissionais de saúde (OPAS, 2020). 

Outro ponto importante, é a confiança que os indivíduos estabelecem com os seus líderes e utilizar dessa influência para estimular a mudança de comportamentos, a partir dos princípios de CREC, fortalecendo de maneira mais efetiva a resposta  a uma emergência de saúde pública.

REFERÊNCIAS

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Comunicação de risco e prontidão de envolvimento comunitário e resposta ao novo coronavírus de 2019 (2019-nCoV): Guia Provisório. Disponível em: <https://iris.paho.org/handle/10665.2/51935>. Acesso em: 15 de ago. de 2023.

Quais são as etapas que a comunicação de risco e engajamento comunitário podem contribuir em uma emergência de saúde pública?

A CREC tem estratégias e táticas de comunicação para engajar a comunidade contribuindo em uma emergência de saúde pública. A primeira etapa é a preparação, nesta fase irá ser determinado mecanismos de coordenação interna e protocolos para a gestão da comunicação de riscos, ou seja, é realizada a criação de planos de contingência e estratégias mapeando quais são as ameaças mais comuns no país (Ferraz, 2023).

A segunda etapa  é o início da emergência, nesta fase é essencial a preparação para comunicar-se sobre um primeiro caso no país, identificando o que se sabe e o que ainda não se sabe sobre o caso. É importante passar a informação objetivamente para o público, explicando quais são os riscos e os prováveis impactos. Quando essas informações forem passadas, é necessário identificar quais são os principais meios de comunicação social e promover ações preventivas, com o apoio de líderes  comunitários, no qual, a comunidade confia. Assim, evita ruídos durante a propagação das informações (Ferraz, 2023).

A terceira etapa é o controle, nesta fase é de suma importância reforçar uma linguagem simples e compreensível com o público explicando quais são os riscos contínuos. É nesta etapa que pode vir acontecer um aumento de desinformação e rumores durante o processo. Então, a CREC pode contribuir com a audição dinâmica e o gerenciamento de rumores, estabelecendo um sistema confiável que escute as dúvidas do público e  as perguntas  mais frequentes.  Assim, é possível elaborar uma estratégia para que os profissionais da saúde possam intervir nessa desinformação e lidar com a infodemia, através de materiais ilustrativos, comunicados de imprensa e campanhas por meio de canais da mídia já estabelecidos (Ferraz, 2023).

A quarta etapa é a recuperação, nesta fase a vigilância ainda deve ser mantida e a CREC pode cooperar enfatizando a importância da comunidade continuar seguindo as recomendações preventivas para a saúde contando com o apoio de líderes locais. Dessa forma, diminui as chances de um novo surto. E por fim,  deve-se realizar a revisão do plano de contingência e adaptá-lo, considerando todas as lições aprendidas (Ferraz, 2023).



REFERÊNCIAS

FERRAZ, Sara. Comunicação de riscos e participação comunitária para Emergências de Saúde: Aspectos práticos. 09 de fev. 2023. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/documentos/comunicacao-riscos-e-participacao-comunitaria-para-emergencias-saude-aspectos-praticos>. Acesso em: 15 de ago. de 2023.

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