Glossário

O Epi-Ride busca melhorar a capacidade de monitoramento, a gestão de crises e proporcionar respostas mais efetivas às demandas de saúde da população. Para isso, a Sala de Situação de Saúde fornece este glossário a fim de auxiliar os usuários nos conhecimentos de palavras chaves utilizadas durante o trabalho

Comunicação

Comunicação de crise

Uma situação de crise pode ser definida como um evento imprevisível que tem o potencial de causar danos e prejuízos significativos a uma organização, comunidade e indivíduos. Assim, a comunicação de crise refere-se à gestão e à fluidez da mensagem entre a instituição e as pessoas que utilizam seus serviços. Independentemente da adversidade, a comunicação de crise está relacionada à necessidade de supervisionar os fluxos de comunicação em contextos variados, em cenários de instabilidade que normalmente não são esperados. São planejadas estratégias de comunicação com ações específicas para atenuar e combater os efeitos adversos.

A comunicação de crise está ligada ao receptor da mensagem e à prevenção de danos, tendo como objetivo evitar prejuízos à sociedade durante crises. Gerenciar como as informações são transmitidas inclui proteger as percepções públicas em relação à instituição, gerenciar riscos econômicos e garantir a prestação de serviços.

Referências 

 

  1. JACONI, Sônia Maria Ribeiro. Comunicação de crise: gestão e desafios. Revista da Faculdade de Administração e Economia, v. 2, n. 1, p. 60-71, 2010.
  2. MATTA, Camila Alves Ramalho. A comunicação estratégica na gestão da comunicação de crise nas organizações e o papel do profissional de assessoria de imprensa. 2017. Tese de Doutorado.

FORNI, João José. Comunicação em tempos de crise. Organicom, v. 4, n. 6, p. 198-211, 2007.

Comunicação de Risco

A comunicação de risco é reconhecida como prática de intervenção em saúde para Emergências de Saúde Pública. Essa ferramenta auxilia na detecção, análise e compreensão de eventos de saúde, além de permitir a avaliação e planejamento de ações prioritárias de enfrentamento em diferentes esferas. A comunicação de risco é conceituada como a troca de informações, aconselhamento e opiniões em tempo oportuno entre especialistas, líderes comunitários e funcionários da saúde.

A promoção de comportamentos voltados para a proteção, promoção e prevenção da saúde é realizada por meio da elaboração de estratégias de comunicação que evitam gerar comportamentos contrários. Para isto, a gestão da informação e a tradução do conhecimento são relevantes para os canais de comunicação baseados em evidências científicas.

As ações estratégicas de comunicação de risco buscam ser claras e objetivas, a fim de evitar ruídos de comunicação e reduzir desigualdades no acesso e qualidade às informações de saúde.




REFERÊNCIAS:

EDITORIAL, Equipe. O Regulamento Sanitário Internacional e as oportunidades para fortalecimento do sistema de vigilância em saúde. Disponível em: <https://dssbr.ensp.fiocruz.br/o-regulamento-sanitario-internacional-e-as-oportunidades-para-fortalecimento-do-sistema-de-vigilancia-em-saude/>. Acesso em: 27 fev. 2023.

Comunicação de riscos em emergências de saúde pública: um guia da OMS para políticas e práticas em comunicação de risco de emergencia [Communicating risk in public health emergencies: a WHO guideline for emergency risk communication (ERC) policy and practice]. Ginebra: Organização Mundial da Saúde; 2018. Licença: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.

Plano de Comunicação de Risco. Brasília: Laboratório de Educação, Informação e Comunicação em Saúde, 2020.

RANGEL-S, Maria Ligia. Comunicação no controle de risco à saúde e segurança na sociedade contemporânea: uma abordagem interdisciplinar. Ciência & Saúde Coletiva, v. 12, n. 5, p. 1375–1385, 2007.

Educação em Saúde

A Educação em Saúde (ES) é uma estratégia para construção de conhecimentos junto à comunidade e profissionais da área, abordando temas de saúde específicos. Seu objetivo é promover a autonomia do indivíduo em relação à sua própria saúde, por meio de uma construção coletiva de conhecimento e estratégias que atendam às necessidades, respeitando os saberes tradicionais. Inicialmente voltada para a prevenção de doenças em 1909, a ES passou por transformações devido aos contextos socioeconômicos. 

 

Antes, a saúde estava vinculada a um modelo de atenção preventivo e campanhista, responsabilizando o indivíduo e caracterizada por ações verticais e informativas. Hoje, a ES é compreendida como uma construção transversal do conhecimento, contextualizando criticamente as condições de saúde para melhorar a qualidade de vida e promover comportamentos saudáveis.



REFERÊNCIAS

Brasil . Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde . Câmara de Regulação do Trabalho em Saúde. Brasília: MS; 2006.

 

FALKENBERG, M. B. et al.. Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e implicações para a saúde coletiva. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. Ciênc. saúde coletiva, 2014 19(3), p. 847–852, mar. 2014.

 

FIGUEIREDO, M.F.S.; RODRIGUES NETO, J.F.; LEITE, M.T.S. Health education in the context of family health from the user’s perspective. Interface - Comunic., Saude, Educ., v.16, n.41, p.315-29, abr./jun. 2012

 

Área Temática Sistema Único de Saúde. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/sus/universo_atuacao.php> . Acesso em: 12 mar. 2023.

Infodemia

Infodemia é o termo utilizado para descrever a disseminação excessiva de informações, muitas vezes falsas ou enganosas, sobre um determinado assunto. Isso pode resultar em uma sobrecarga de informações e na propagação de desinformação e pânico entre as pessoas, exigindo novas habilidades, formação e métodos de seleção de informações.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) introduziu esse termo durante a pandemia de COVID-19, devido à quantidade avassaladora de informações relacionadas à doença, que frequentemente eram contraditórias ou não verificadas. Isso tornou difícil para as pessoas discernir o que é verdadeiro e confiável, dificultando a tomada de decisões relacionadas à saúde.

Foi durante a pandemia de COVID-19 que a infodemia teve seus efeitos negativos mais evidentes na saúde pública, na confiança entre as autoridades e a sociedade, além de apresentar desafios na busca por informações provenientes de fontes confiáveis e na identificação de informações falsas.



FALCÃO, P.; DE SOUZA, A. B. Pandemia de desinformação: as fake news no contexto da Covid-19 no Brasil. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, v. 15, n. 1, 2021. 

 

GONÇALVES, M. F. R. A comunicação de risco no Brasil em tempos de Covid-19: uma revisão bibliográfica. 2022. 

 

MAZZETO, A. C. E.; DE SOUZA, E. G. INFODEMIA E DESINFORMAÇÃO NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19:: REFLEXÕES À LUZ DA NOÇÃO DE COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO. PontodeAcesso, v. 16, n. 2, p. 2–23, 2022. 

 

ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE - OPAS. Entenda a infodemia ea desinformação na luta contra a COVID-19. Opas Washington, , 2020. 

Percepção de risco

A percepção de risco é uma avaliação subjetiva dos perigos ou ameaças que existem em uma determinada situação, pois especialistas e comunidade exposta ao risco possuem percepções diferentes. Ela é baseada nas expectativas, crenças, informações e experiências do coletivo ou individual em determinada circunstância. Por isso, é importante compreender a magnitude do risco, o grau de exposição e o grau de vulnerabilidade das pessoas expostas a esse perigo.

A definição de risco pode ser relacionada à noção de perda, embora ela não contemple a extensão do significado. Para isso, são definidos os elementos críticos de risco como: (a) perdas potenciais, (b) o significado dessas perdas, e (c) a incerteza dessas perdas

O risco tem como componente técnico o “perigo” e como componente não técnico a “indignação”, significando uma obstinação, controle e capacidade de resposta. Desta forma, a percepção de risco pode ser moldada conforme a situação e com a informação presente, afetando a tomada de decisões e comportamentos de uma comunidade em relação aos perigos ou ameaças presentes.



Referências: 

 

YATES, J. F.; STONE, E. R. The risk construct. 1992. <https://www.researchgate.net/profile/Jacques-Yates/publication/232419157_Risk-taking_behavior_Wiley_series_in_human_performance_and_cognition/links/5983358da6fdcc6d8be0c766/Risk-taking-behavior-Wiley-series-in-human-performance-and-cognition.pdf>

 

WEINSTEIN, Neil D.; SANDMAN, Peter M.; BLALOCK, Susan J. The precaution adoption process model. The Wiley encyclopedia of health psychology, p. 495-506, 2020.

 

WORLD ORGANIZATION FOR ANIMAL HEALTH. (2020). Manual de Comunicação para os Serviços Veterinários. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/programas-de-saude-animal/raiva-dos-herbivoros-e-eeb/manualemportugues_fevereiro_12_02_2020.pdf/view.

Qualidade da informação em saúde

A qualidade da informação em saúde é crucial para garantir que os usuários da internet, pesquisadores e profissionais da saúde obtenham o melhor tratamento possível e tomem decisões informadas a partir de fontes confiáveis. A alta qualidade da informação em saúde abrange critérios e indicadores que não são padronizados, mas que, em essência, englobam aspectos como precisão, atualização, relevância, completude e compreensibilidade.

A precisão implica na inclusão de evidências científicas e práticas clínicas aceitas e atualizadas, levando em conta as últimas descobertas. A relevância assegura que a informação seja adaptada ao conhecimento e compreensão do público-chave.

A completude envolve a disponibilidade de informações sobre prevenção, tratamento, diagnóstico, efeitos colaterais de medicamentos e outras precauções de segurança relacionadas à saúde.

A existência de selos de qualidade em informações de saúde, estabelecidos por diversas instituições, pode garantir a segurança dos usuários ao tomarem decisões relacionadas à saúde.



LOPES, I. L. Iniciativas internacionais para o controle da qualidade da informação em Saúde na Web. 2012. 

 

LOPES, I. L. Novos paradigmas para avaliação da qualidade da informação em saúde recuperada na Web. Ciência da Informação, v. 33, p. 81–90, 2004. 

 

MENDONÇA, A. P. B.; PEREIRA NETO, A. DE F. Critérios de avaliação da qualidade da informação em sites de saúde: uma proposta. 2015. 

 

BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde . Câmara de Regulação do Trabalho em Saúde. Brasília: MS; 2006.

Comunicação Pública

Comunicação pública é uma área de estudo que se dedica a entender e aprimorar as práticas comunicacionais entre governos e sociedade civil. Ela é uma ferramenta de gestão pública, capaz de promover a transparência, a participação e a prestação de serviços de qualidade aos cidadãos. Além disso, deve ser planejada de forma estratégica, com objetivos, públicos-alvo, canais de comunicação e avaliação de resultados.

É uma prática democrática e cidadã, que promove a participação dos cidadãos nas decisões públicas e contribui para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Na saúde pública, a comunicação pública pode ser utilizada para a transparência e a prestação de serviços de qualidade aos cidadãos. É ideal para informar a população sobre medidas de prevenção de doenças, campanhas de vacinação, serviços de saúde disponíveis e outras informações relevantes para a promoção da saúde pública.

 

Referências

BRANDÃO, Elizabeth P.; DUARTE, Jorge. Comunicação Pública: Estado, mercado, sociedade e interesse público. 2009.

DUARTE, Jorge. Comunicação pública. São Paulo: Atlas, p. 47-58, 2007.

MAINIERI, Tiago; ROSA, Elisa Costa Ferreira. Comunicação pública, cidadania e democracia-algumas reflexões. Revista Comunicação Midiática, v. 7, n. 1, p. 192-206, 2012.

Media Training

O media training é uma ferramenta fundamental para que indivíduos e organizações possam se comunicar de forma eficaz e segura com a mídia e a sociedade. Além disso, visa capacitar indivíduos ou equipes a lidar de forma efetiva com a mídia. O objetivo do media training é preparar profissionais para enfrentar entrevistas, coletivas de imprensa e outras situações de comunicação em que a mídia está envolvida.

O treinamento maximiza a eficácia do relacionamento com a mídia, minimiza possíveis danos à imagem e reputação, e contribui para a construção de uma relação de confiança e transparência com os jornalistas e veículos de comunicação.

Em cenários de emergência em saúde pública, o media training é essencial, pois a comunicação efetiva e transparente é crucial para passar informações precisas e confiáveis ​​à população e minimizar o pânico e a desinformação.

 

Referências

ASSAD, Nancy Alberto. Media training: como construir uma comunicação eficaz com a imprensa e a sociedade. Editora Gente Liv e Edit Ltd, 2009.

BAZANINI, Roberto; RIBEIRO, Hewdy Lobo; BAZANINI, Homero Leoni. Relevância das atividades do profissional de Media Training na perspectiva da teoria dos stakeholders. SEMEAD-Seminários em Administração, Anais do XVI SEMEAD, Universidade de São Paulo: FEA/USP, v. 29, p. 30, 2013.

TAYLOR, Robert. Media Interview Techniques: A Complete Guide to Media Training. Kogan Page Publishers, 2015.

Publicidade Social

Publicidade social é uma forma de comunicação persuasiva que busca a promoção de mudanças comportamentais e sociais positivas na população. Diferentemente da publicidade comercial, a publicidade social busca sensibilizar a sociedade sobre questões relevantes e promover ações que contribuam para o bem-estar coletivo.

A publicidade social pode ser utilizada em áreas como saúde pública, meio ambiente, educação, segurança e direitos humanos. Ela utiliza técnicas e estratégias de comunicação para incentivar a adoção de comportamentos saudáveis, conscientes e responsáveis, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável.

Entre as técnicas utilizadas pela publicidade social, destacam-se o apelo emocional, a mensagem educativa, a utilização de celebridades e personalidades, o uso de mídias sociais e a associação com eventos e causas relevantes. É uma ferramenta para sensibilizar e mobilizar a sociedade em torno de questões importantes, fortalecendo o bem-estar e a cidadania.

 

Referências 

SALDANHA, Patrícia Gonçalves. Publicidade Social e sua tipificação: uma metodologia de transformação social Social Advertising and its classification: a social transformation methodology. MÍDIA, p. 290, 2021.

SALDANHA, Patrícia Gonçalves; BASTOS, Pablo Nabarrete. Publicidade Social de Interesse Público (PIP) e engajamento político, uma antítese à Publicidade de Utilidade Pública (PUP) governamental. Revista Eletrônica Internacional de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura, v. 21, n. 3, p. 25-43, 2019.

VIGANÒ, Dario Edoardo. A publicidade social: reflexões sócio-semióticas. Revista Alceu, Rio de Janeiro, v. 11, n. 22, p. 26-42, 2011.

Stakeholders

“Stakeholder" significa, em tradução livre para o português, "parte interessada". De forma resumida, esse termo refere-se a cada indivíduo, grupo de pessoas ou instituição que possui algum interesse e grau de influência sobre um  projeto, programa ou política. A gestão de stakeholders consiste em identificar cada parte interessada nas ações, bem como compreender seu papel e expectativa. Os stakeholders podem ser divididos em dois grupos e quatro categorias: primários e secundários, conforme o impacto,  direto ou  indireto, no projeto, programa ou política; e internos e externos, segundo sua relação com a organização. Cada stakeholder possui um grau de influência e é importante descobrir quem são esses atores-chave para que haja uma comunicação efetiva com cada um deles.

 

Referências:

 

  1. Stock C, Dias S, Dietrich T, Frahsa A, Keygnaert I. Editorial: How can We Co-Create Solutions in Health Promotion With Users and Stakeholders? Front Public Health. 2021 Dec 8;9:773907. DOI: 10.3389/fpubh.2021.773907. PMID: 34957026; PMCID: PMC8692254.
  2. Laird, Y., Manner, J., Baldwin, L. et al. Stakeholders’ experiences of the public health research process: time to change the system?. Health Res Policy Sys 18, 83 (2020). DOI: 10.1186/s12961-020-00599-5
  3. United States Agency International Development (USAID). One Health Stakeholder Mapping Toolkit. December 2018. Acesso em: 3 out. 2022.
pt_BRPT_BR