O consumo de ultraprocessados no Brasil mais que duplicou desde os anos 80, subindo de 10% para 23% da alimentação, segundo uma série de estudos conduzidos por pesquisadores da USP e divulgados na revista Lancet.
A análise mostra que essa tendência não é exclusiva do país, já que dados de 93 nações indicam aumento generalizado, exceto no Reino Unido, onde o índice permanece em torno de 50%. Esse avanço aparece em países de diferentes níveis de renda, com maior crescimento onde o consumo era inicialmente menor.
Os pesquisadores destacam que o cenário é complexo e influenciado tanto por fatores econômicos quanto culturais, já que países com renda semelhante apresentam padrões distintos. O relatório lembra que os ultraprocessados ganharam espaço após a Segunda Guerra Mundial e se espalharam rapidamente com a globalização a partir dos anos 80, acompanhando o crescimento de doenças como obesidade, diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares.
O grupo de cientistas defende medidas para frear esse avanço, como rotulagem mais clara para aditivos e excesso de açúcar, sal e gordura, além da restrição desses produtos em escolas e hospitais. Nessa área, o Brasil é citado como referência por meio do PNAE, Programa Nacional de Alimentação Escolar, que ampliou a oferta de alimentos frescos nas escolas.
Os pesquisadores reforçam que o aumento no consumo não é fruto de escolhas individuais, mas resultado da atuação de grandes corporações que usam ingredientes baratos, forte apelo visual e estratégias agressivas de marketing para impulsionar as vendas. As evidências acumuladas mostram que dietas ricas em ultraprocessados estão ligadas à ingestão excessiva de calorias, menor qualidade nutricional e maior contato com substâncias nocivas, e uma revisão de mais de cem estudos de longo prazo apontou que a grande maioria deles associa esses produtos ao risco elevado de várias doenças crônicas.
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